Milhões na mira: esquema de contratações da UERJ “volta a assombrar políticos fluminenses”

folhafluminense
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Apurações do Jornal Gazeta Popular, apontam para cabos eleitorais da Deputada Marina do MST que estariam envolvidos no esquema.

O uso político de estruturas públicas voltou ao centro do debate após novas revelações sobre um esquema milionário de contratações suspeitas na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). A investigação, que começou mirando figuras ligadas à direita e à esquerda fluminense, agora pode atingir diretamente membros da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), incluindo parlamentares do campo progressista que têm evitado exposição pública sobre o tema.

Um dos nomes que surge nos bastidores é o da deputada estadual Marina do MST (PT). Embora não tenha sido citada diretamente nas denúncias iniciais, (fontes internas e ex-cabos eleitorais) confirmaram ao Jornal Gazeta Popular que parte da estrutura de campanha da então candidata na época, teria sido absorvida por contratos emergenciais e temporários da UERJ em 2022, período que coincidiu com a corrida eleitoral.

Segundo apuração preliminar feita por nossa equipe, há registros no imposto de renda de ex-cabos eleitorais da parlamentar apontando vínculo empregatício com a universidade durante a campanha, com cargos muitas vezes incompatíveis com a qualificação profissional dos beneficiados. O caso lembra os contratos de R$ 192 mil pagos à sogra de um coordenador de campanha do ex-reitor Ricardo Lodi, conforme noticiado pelo UOL em junho de 2023 (https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2023/06/02/uerj-pagou-r-192-mil-a-sogra-de-coordenador-de-campanha-de-ex-reitor-do-pt.htm), o que levantou suspeitas de que a máquina universitária estaria sendo usada como moeda de troca política.

Em outro levantamento de julho de 2023, também publicado pelo UOL: (https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2023/07/08/esquema-da-uerj-com-desvios-milionarios-uniu-direita-e-esquerda.htm), ficou evidente que o esquema de desvios na UERJ ultrapassou barreiras ideológicas, unindo adversários políticos em nome de favorecimentos pessoais. 

Diante do avanço das investigações, a nossa equipe de reportagem está aprofundando as apurações e prepara denúncia formal ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), reunindo provas e testemunhos de servidores e beneficiários que trabalharam informalmente na campanha de Marina do MST.

A expectativa é que a denúncia alcance não apenas Marina, mas outros parlamentares que teriam se beneficiado do uso político da UERJ para alavancar suas campanhas eleitorais. O caso pode reabrir discussões sobre a urgência de um sistema de controle e fiscalização mais rigoroso sobre contratos temporários em instituições públicas, além de reforçar a necessidade de transparência em campanhas que se apresentam como defensoras da ética e da justiça social.

Em 2022/23, denúncias semelhantes chegaram a ser ventiladas na imprensa, mas não tiveram continuidade diante do cenário eleitoral polarizado. Agora, com novas provas e delações, o caso volta à pauta e pode atingir figuras de destaque tanto da base governista quanto da oposição.

Vale ressaltar que o uso indevido de estruturas estatais para fins eleitorais configura crime de improbidade administrativa e pode levar à cassação de mandatos, além de inelegibilidade dos envolvidos.

Por Marcos Soares
Jornalista – Analista Político                                                                                                                                   instagram.com/@marcossoaresrj    |  instagram.com/@falageraltv

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